quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA DE CAMILOS





Autor: Manoel Dias Barbalho











Ilustrações: Benedito Fernandes Neto
Correções: Vicentina Candido de Lima

MERUOCA – CE, 2006.
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JUSTIFICATIVA

A idéia deste trabalho nasceu no ano 2003 numa sala de aula da escola José Barbalho do Nascimento, onde os professores discutiam um projeto a ser desenvolvido pela referida escola. Até então, tínhamos pouquíssimas informações escritas concernentes à história da formação de nossa comunidade.
Sentimos a necessidade de fazer um levantamento de dados, junto aos habitantes mais antigos da localidade, bem como, informações contidas em placas, documentos mais recentes, etc.. Tudo isto para cumprir nosso objetivo: levantar fatos que elucidem a HISTÓRIA DE CAMILOS. Algo que superamos no tempo restrito de duas semanas, desta forma muitas informações foram omitidas.
Em 2006 dei sequência ao trabalho de pesquisa, informações novas foram acrescentadas. O título do trabalho também foi modificado; acreditamos que o título atual representa melhor a extensão do trabalho.
Espera-se que no ato da leitura você possa entrar na história de Camilos e fazer uma viagem no tempo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1 – NOSSAS ORIGENS
1.1 – O Sr. Camilo
1.2 – A presença indígena

CAPÍTULO 2 – A VILA DE CAMILOS
2.1 – Trabalho
2.2 – Dados populares
2.3 – Dados educacionais
2.3.1. - O perfil do (a) professor (a)
2.3.2. - Os diretores da escola José Barbalho
2.4 – Eletricidade
2.5 – Saúde
2.6 – Estradas e transportes
2.7 – Religiosidade
2.7.1. - O cemitério de Camilos
2.8 – Esporte
2.9 – Meios de comunicação
2.10 – Endereço postal
2.11 – Cultura
2.12 – Rede de água e esgoto
2.12.1. - A Associação Comunitária

CAPÍTULO 3 – POLÍTICA
3.1 – Os prefeitos do município de Meruoca
3.2 – Os vereadores de Camilos
3.3 – As eleições em Camilos

CAPÍTULO 4 – O DISTRITO DE CAMILOS
4.1 – Localização
4.2 – Clima vegetação e relevo
4.3 – População
4.4 – Turismo
4.5 – O Sítio São João das Almas

ANEXO 1 – HINO DE MERUOCA
ANEXO 2 – POESIA EM HOMENAGEM AOS DOUTORES ALEMÃES
ANEXO 3 – RASCUNHO DO MAPA DO DISTRITO DE CAMILOS
ANEXO 4 – RASCUNHO DO MAPA DA VILA DE CAMILOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INTRODUÇÃO

Por ter muito apresso ao povo da comunidade de Camilos e por ter origem camilense, propus-me a relatar nossa história. Ora os textos apresentam uma linguagem simplória e objetiva, ora possui características didáticas, objetivando o entendimento do leitor.
Uma das preocupações no transcorrer da escrita foi confirmar as informações colhidas, comparando-as em outras fontes para se obter a veracidade dos fatos. Buscamos também uma ligação entre contextos históricos municipal e nacional.
O Capítulo 1 está mais centrado nos primórdios de nossa história e apresenta a primeira família a habitar a comunidade de Camilos. O Capítulo 2 volta-se para a Vila de Camilos expondo os fatos que influenciaram no desenvolvimento local e as personalidades que ficaram com seus nomes cravados na história. Já o Capítulo 3 conta quem foram os prefeitos do município de Meruoca, suas realizações e expressa também os vereadores de nossa localidade. E o Capítulo 4 traz informações sobre o distrito de Camilos, bem como área urbana e rural, localização, clima, relevo, vegetação e o sítio que se destaca.
Agradeço aos que contribuíram com as pesquisas, por exemplo, alguns professores e alunos da escola José Barbalho do Nascimento e também aos que disponibilizaram-se prestando informações, sem as quais nosso esforço seria inviabilizado.
Espero que a leitura seja deleitosa, e que as informações contidas neste trabalho possam somar na vida dos estudantes ou de qualquer outra pessoa que tenha acesso aos RELATOS DA HISTÓRIA DE CAMILOS.


Não há dúvidas que a mente humana registra fatos e os preserva por tempos e tempos. Mas não se compara à escrita que se cuidada bem, não estraga nem morre!
O autor.
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CAPÍTULO 1 – NOSSAS ORIGENS

Na época de exageros e desrespeito a vida dos negros por parte dos donos de escravos, em sua maioria cafeicultores, fazendeiros e senhores de engenho. Surgiu no Brasil o sentimento de liberdade, que ganhou força no início dos anos oitenta do século XIX. Os adeptos do movimento abolicionista caminhavam esperançosos que seus ideais fossem atendidos, pois o fim da escravidão parecia ser inevitável. Paralelamente a abolição crescia os gostos da nação por uma nova forma de governo, no caso, a República. Inicialmente inspirada pela adesão de outros países a esse sistema e impulsionada pelo apoio da burguesia nacional que queria garantir seus interesses na nova forma governamental, já que o imperialismo, ao qual eram adeptos, tinha seus dias contados. Do contrário perderiam sua influência política, caso fossem inimigos do novo governo.
E o que era até então especulação tornou-se realidade no ano de 1889. O Brasil atravessou um momento marcante de sua história política com o fim do imperialismo e o nascimento da República. Um ano antes já tinha ocorrido algo que ficara marcado na história de nossa nação, fato ocorrido em maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea e libertou definitivamente todos os escravos existentes no Brasil. Era um momento em que a população brasileira aguardava com anseio o desenrolar dos acontecimentos, e teciam pensamentos de melhoria com o novo formato administrativo do país e com as leis que davam hombridade ao nosso povo.
Certamente uma destas pessoas interessadas para que o melhor ocorresse em nossa pátria era Antônio Camilo ou simplesmente Camilo. O Sr. Camilo! Temos informações de que em torno desta época, ele vivia aqui em nossas terras com sua família. Dizem ainda que ele foi o primeiro habitante desta comunidade. E é em sua homenagem que Camilos tem hoje este nome, para sermos mais detalhistas o nome completo de nossa comunidade é Santo Antônio dos Camilos.


1.1 – O Sr. Camilo

Como é o sobrenome do Sr. Camilo? Fernandes, Vital, Barbalho, Marques, Nascimento, Gualberto, Alves... Ou será um outro sobrenome que se usa atualmente? Por outro lado, Camilo poderia ser o sobrenome de Antônio Camilo! Infelizmente não tivemos acesso a nenhum documento que expressa seu verdadeiro nome, também nos falta várias outras informações que gostaríamos de ter acerca deste homem que tem suma importância na história de Camilos. As informações colhidas sobre ele, foram prestadas por pessoas idosas através de histórias retidas na lembrança, as quais foram contadas anteriormente por seus pais ou avós. Algumas informações o tempo tratou de apagar.
Segundo as pesquisas realizadas, o Sr Camilo viveu com sua família em duas casas distintas. Uma delas se encontrava nas terras que hoje são de Benedito Ferreira e a outra no sítio que atualmente pertence a senhora Raimunda Silva. Não sabemos em qual das duas casas ele viveu primeiro, o certo é que nenhuma delas existe mais.

Bem! Mas chegou em nosso conhecimento uma história que não sabemos se é realidade ou ficção. Contaram-nos que um certo dia um homem passava a cavalo pela casa do Sr Camilo, o mesmo se interessou pelo lindo cavalo, o homem não queria se dispor de seu cavalo, mas sabia que Camilo tinha fama de perverso, desta forma logo cedeu e partiu para o Sertão.
Ao chegar lá contou a um coronel o que tinha lhe acontecido, esse por sua vez lhe aconselhou a ir a delegacia denunciar Camilo; foi isso que ele fez prestou queixa e logo Camilo recebeu uma intimação e compareceu à audiência no dia marcado. Camilo gastou tanto com o processo que se sentiu obrigado a leiloar suas terras, sendo elas arrematadas por descendentes da família Amaral. Depois disso foi embora deixando como lacunas sua origem e seu destino.
Não encontrou-se nenhum registro processual acerca de Antônio Camilo por isso é bom não macular sua figura pública. Além disso, a pesquisa com pessoas idosas da comunidade indicou o velho Camilo como sendo uma pessoa boa que possuía uma família honesta.


1.2 – A presença indígena

É comum se ouvir em rodas de conversa sobre a história antiga do município, que os primeiros habitantes de Meruoca foram os índios tapuias e os Reriús. Muitos índios não aceitavam a condição de escravo que lhe era imposta pelos portugueses e fugiam. Um dos redutos dos índios fugitivos da Bahia eram as terras onde hoje são correspondentes ao município de Meruoca. Eles preferiam se expor às moscas e aos mosquitos da Serra do que aceitar os maus tratos do “homem branco”.
Devemos admitir a hipótese destes índios terem alojado-se por algum tempo no território ocupado atualmente pelo distrito de Camilos, já que o município de Meruoca tem uma pequena extensão territorial e tendo em vista também que os índios Reriús apresentavam características nômades. Porém não se têm em Camilos resquícios como armas, pinturas rupestres, vasilhas ou qualquer outra coisa deixada por essa tribo.
Em todo o município de Meruoca eles deixaram apenas uma prova de sua existência. Trata-se de uma formação rochosa denominada “furna dos índios”, localizada no Sítio São Rafael. Lá é visível ainda hoje os vestígios da ocupação nativa.
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CAPÍTULO 2 – A VILA DE CAMILOS

Foram necessários mais de 100 (cem) anos de história para Camilos chegar nas condições que se encontra hoje em dia. Não há dúvidas que muitos contribuíram para este fim. Graças aos trabalhos empenhados visando o progresso de suas famílias, estes tem merecidamente seus nomes expostos nos relatos aqui mencionados. Também são relatados agora vários acontecimentos que serviram para efetivar a história de Camilos.


2.1 – Trabalho

A agricultura esteve presente desde o início da formação da comunidade de Camilos. É lógico! Já que inicialmente só existia aqui a terra e a natureza. A agricultura de subsistência familiar (praticada em Camilos) é herança indígena, é realizada utilizando-se ferramentas como: enxadas, foices, facões, etc.. Os principais produtos agrícolas de Camilos são: feijão, milho e mandioca.
Com o passar do tempo o comércio foi surgindo, essa atividade começou logo cedo com os comboieiros. Eles vendiam o que produziam ou compravam dos agricultores. Levavam as mercadorias para Sobral nas costas de jumentos ou burros. Vejam o que diz um cidadão camilense que atuou como comboieiro.

A vida dos comboieiros era tropear jumento de carga, saindo aqui de Camilos uma hora da madrugada em direção a Sobral. Chegando lá seis horas da manhã para vender a mercadoria que era farinha ou milho. Com o dinheiro que ganhava a gente comprava arroz, açúcar, carne, peixe e outras coisas para casa. Nossa vida era muito dificultosa”.
      Francisco Julião de Sales

Uma casa de farinha na comunidade de Camilos – 2006.
Para a fabricação da farinha foi indispensável, a construção de casas de farinha. Três delas no ano de 1933 já eram construídas. Uma das primeiras a ser feita foi a de Antônio Gabriel, depois a de Luís Silva, ambas no Sítio Forquilha e a de Madalena Binga no Sítio Armador (todas nos arredores da comunidade), com o tempo os comboieiros tornaram-se bodegueiros. O primeiro que se tem notícia foi AntônioGabriel. Em 1935 Ercílio Thomaz abriu seu comércio, um ano depois foi a vez de Luiz Gonzaga Barbalho e em 1939 Vicente Marques de Sousa iniciou seu comercio em sociedade com Manoel Duarte.
                                      
Registra-se também a presença de vários outros profissionais nesta comunidade. Entre eles, pedreiros e carpinteiros que contribuíram na propagação de nossa “arquitetura” deixando suspeita da vivência de espanhóis ou ingleses na comunidade de Camilos, devido a forma como foi trabalhada a fachada de algumas casa antigas.
                                                                                                       
É uma casa portuguesa? Não temos certeza!

Casa situada na margem da estrada Camilos/Forquilha datada de 1928

A profissão/ocupação é um dos dados que se quis representar de forma numérica. Para isso usamos as informações coletadas expressas em fichas de cadastro que estão em posse das duas agentes de saúde responsáveis pelo acompanhamento às famílias da localidade de Camilos e dos Sítios Forquilha, São Miguel, Amparo e Armador. Veja o número de pessoas de acordo com suas profissões/ocupações.

Profissões/ocupações dos habitantes de Camilos e “Sítios Vizinhos” – 2006.
Estas informações foram adquiridas através de perguntas às mães ou pais de família no ano de 2005 e sofreram atualizações para o ano em vigor. A opção “outras” da tabela acima representa profissões/ocupações como: motorista, professor(a), eletricista, pintor, comerciante, carpinteiro, garçom, padeiro, costureira, chapeleira, auxiliar de produção, etc.. Já o termo “nenhuma” representa crianças recém nascidas, aposentados e demais pessoas que não declararam profissão/ocupação. Sabe-se também que muitos dos que tem a ocupação de “estudante” atuam em algumas atividades informais, em sua maioria ajudando os pais na roça ou no artesanato de palha.


REFLEXÃO: Muitas vezes paramos para pensar: como uma idéia tão boa pode acabar em “dinheiro público jogado fora?” Esse foi um daqueles casos típicos de interior. Onde se tem iniciativa, mas não se tem “acabativa”. Na primeira gestão do prefeito Francisco Sanford foi construída em Camilos uma casa de farinha, cujos equipamentos eram todos elétricos, assim, os agricultores iriam poupar seus esforços deixando de ficar noites inteiras acordados com o rodo na mão mexendo a farinha para não queimar. Mas, não sabe-se por que razão a obra nunca foi inaugurada, o maquinário foi retirado do prédio e o que era para ser um marco revolucionário na história agrícola de Camilos transformou-se em casa de habitação popular.

2.2 – Dados populares

No ano de 2003 realizou-se uma pesquisa populacional envolvendo a vila de Camilos e os sítios Forquilha, São Miguel, Amparo e Armador. Os moradores destes quatro sítios fizeram parte da pesquisa devido sua dependência da comunidade de Camilos. É em Camilos que eles compram os produtos alimentícios, votam, estudam, e tem estreitos laços de amizade com sua população. O número de habitantes dos Sítios citados quando somados não chega a 60 (sessenta). Muitos deles dizem morar em Camilos ao ser interrogado sobre o local o qual vivem. Estes quatro sítios são apresentados nos títulos das tabelas deste Capítulo por “Sítios Vizinhos”.

População residente em Camilos e “Sítios Vizinhos” – 2003.
Com o estudo dos dados da tabela citada acima pode-se notar uma média de 3,9 (três vírgula nove) pessoas por família e uma maioria de 74 (setenta e quatro) homens. As pessoas com mais de 5 (cinco) anos formam um percentual de quase 90%.
O cadastro realizado pelas agentes de saúde também mostrava dados deste tipo. Após sua apuração chegou-se nos resultados apresentados na tabela 2.3.
População residente em Camilos e “Sítios vizinhos” – 2006

Em relação a 2003 esta última pesquisa apresentou um acréscimo no número de famílias e também no número de habitantes. Já a maioria de homens que era de 74 (setenta e quatro) anteriormente, decresceu. Agora essa maioria é de 70 (setenta) homens. Constatou-se também que, cerca de 10% dos habitantes tem menos de 6 (seis) anos.
A pessoa mais idosa da comunidade é a Srª Joana Alfredo da Silva. Seu nascimento é datado de 4 de janeiro de 1918. Em novembro do mesmo ano nasceu seu esposo Raimundo Porfírio da Silva. Em 2006 o casal completou 70 (setenta) anos de casamento. Ambos estão lúcidos e dispostos a realizar as atividades do dia a dia.


2.3 – Dados educacionais

No decorrer da história do Brasil percebe-se mudanças consideráveis na educação. No período colonial, por exemplo, apenas os filhos dos senhores de engenho tinham acesso a educação. Já no período imperial as escolas eram freqüentadas pelos filhos dos senhores de engenho e dos cafeicultores. No período republicano o número de escolas aumentou e tornou-se mais acessível, mas mesmo assim nunca atenderam as necessidades das camadas menos favorecidas da população.
Em Camilos a escola pública só foi construída no final dos anos sessenta do século XX. Antes disso, algumas pessoas com conhecimentos básicos em Português, Matemática e Conhecimentos Gerias davam aulas na própria casa ou na casa de seus alunos. Entre esses professores destacou-se Luiz Gonzaga Barbalho (1900 – 1966), ele é lembrado até hoje e apontado como um sábio de nossa história. Na época despontou alguns exageros com o autoritarismo dos mestres, os aluno que não soletravam corretamente as palavras cumpriam um “argumento”, este termo representava um castigo empregado aos alunos através de pancadas em suas mãos com palmatória.
No período da administração do prefeito José Davi ocorrido entre os anos de 1967 e 1970 houve a construção do GRUPO ESCOLAR JOSÉ BARBALHO DO NASCIMENTO. Este nome se deu para homenagear o doador das terras do Grupo
Escolar, que funcionou cerca de 20 (vinte) anos no local. No dia 29 de fevereiro de 1988, o prefeito Carlos Marques dos Santos inaugurou o Centro Administrativo de Camilos, prédio que se instalou o colégio de Camilos, dessa vez com o nome: ESCOLA DE 1º GRAU JOSÉ BARBALHO DO NASCIMENTO.

Escola José Barbalho do Nascimento – 2006.
Como pode-se ver na foto a praça da escola está sendo reformada.

Com o tempo o número de alunos da escola José Barbalho foi aumentando, ao consultar o Livro de Ata de Resultados Finais da escola constatou-se que só existe registro de notas dos alunos a partir do ano de 1982. Contou-se no ano citado apenas 2 (dois) alunos, quatro anos mais tarde o número de alunos passou para 117 (cento e dezessete), já no ano de 1992 o livro registrava 144 (cento e quarenta e quatro) alunos, em 2002 este número evoluiu para 295 (duzentos e noventa e cinco) alunos e no ano de 2005 matriculou-se na escola 337 (trezentos e trinta e sete) alunos. Estes dados podem ser visto no gráfico abaixo.
Alunos matriculados na escala José Barbalho – Camilos
No ano de 2006 a matrícula inicial foi de 308 (trezentos e oito) alunos, havendo assim um decréscimo com relação ao ano anterior.
A escola José Barbalho tem como principal objetivo passar para os alunos os conhecimentos suficientes e indispensáveis para o seu sucesso no Ensino Médio. A escola também tem alguns desafios a superar como, por exemplo, baixar o índice de reprovação e envolver de forma mais intensa os pais na educação dos filhos.
Um dado importante que foi apurado no cadastro de famílias de Camilos trata-se do analfabetismo, 313 (trezentos e treze) pessoas são analfabetas, ou seja, 33,8% do total de habitantes. Este índice refere-se a todos que não sabem ler nem escrever, inclusive crianças recém-nascidas.


2.3.1. O perfil do (a) professor (a)

Para descobrir o perfil do(a) professor(a) da escola José Barbalho do Nascimento foi necessária à realização de uma pesquisa por meio de um questionário que exigia respostas objetivas, e de múltipla escolha. A fim de obter respostas mais fieis não pedimos identificação pessoal no questionário.
A idéia inicial da pesquisa era obter informações sobre todos os professores (realização de um censo), Para isso usou-se a relação de nomes que consta nos livros de ponto da escola referente a agosto de 2006. Verificou-se que no mês observado contava-se 13 (treze) professores da escola José Barbalho, todos participaram da pesquisa. A tabela abaixo marca o início da exposição dos dados.

Características dos professores da escola José Barbalho do Nascimento. Camilos, 2006.

A pesquisa também voltou-se para assuntos como o cotidiano escolar e outros.
Além das informações da tabela verificou-se ainda que 8 (oito) professores concordam que a escola prepara o aluno de forma adequada para o Ensino Médio os outros 6 (seis) professores emitem opinião contrária. Um dado lamentável: 8 (oito) professores afirmam que as famílias não colaboram com a educação dos alunos. O trabalho da direção da escola recebeu o conceito bom ou ótimo: 8 (oito) professores indicou o conceito bom e 5 (cinco) preferiu o conceito ótimo. O que deixa o(a) professor(a) desestimulado com a educação é o desinteresse dos alunos. Esta alternativa foi apontada por 10 (dez) professores. Os outros dois professores apontaram o baixo salário como causa. Já sobre o motivo que leva o aluno à reprovação, 10 (dez) professores escolheram a opção: a conversa dos alunos na sala de aula. 1 (um) professor indicou o barulho dos alunos das outras salas e 1 (um) professor indicou como motivo a falta de atenção dos alunos.
Constatou-se ainda que os professores têm em média entre 1 (um) e 2 (dois) filhos. Com relação à carga horária, os professores têm em média 135,4 (cento e trinta e cinco virgula quatro) horas/aula por mês. Já a média de idade dos professores é de 30 (trinta) anos completos.


2.3.2. Os diretores da escola José Barbalho

Para acontecer a evolução apresentada na escola José Barbalho, foi necessário o trabalho sério e comprometido de seus administradores. Essa escola já esteve sob o comando de cinco diretores distintos. Todavia aqui mesmo da comunidade. Seus nomes serão apresentados a seguir em ordem cronológica.

• Rita Duarte Fernandes (Rita Sousa).
• Rita Magalhães do Nascimento.
• João Batista Fernandes.
• Alrelina de Sales Barbalho.
• A partir de 16 de outubro de 2006, Maria de Jesus Paiva Araújo assumiu o cargo, com contrato de quatro meses, em razão do cumprimento de licença maternidade da diretora Alrelina.


2.4 – Eletricidade

No início da história de Camilos, as famílias que aqui viviam iluminavam suas casas com lamparinas quando caia a noite. No decorrer do tempo essa realidade foi mudando. A rede de energia elétrica de Camilos foi construída no período do mandato do governador cearense Adauto Bezerra. Na época o prefeito de Meruoca era o Sr. José Mendes de Araújo. A eletricidade de Camilos foi inaugurada em 26 de março de 1978.
Mas nem sempre foi da forma que ocorre hoje em dia. No início da implantação da eletricidade de Camilos, as ruas só iluminavam-se quando Antonio Alves de Souza (Antonio Cândido) movimentava uma manivela existente aqui mesmo na comunidade. Segundo ele nessa época, só existiam umas 50(cinqüenta) casas em Camilos, depois disso a comunidade cresceu rapidamente.


2.5 – Saúde

Desde o início da fundação da Vila de Camilos, as mulheres que entravam em trabalho de parto dependiam da ajuda de parteiras para dar a luz. Pessoas muitas vezes sem qualificação escolar portadoras dos conhecimentos básicos acerca do assunto.
A saúde local avançou com a construção do posto de saúde de Camilos, fato ocorrido entre os anos de 1978 e 1979, na gestão do prefeito José Mendes de Araújo. Daí em diante, as pessoas da comunidade passaram a ter um local adequado para tratar de suas enfermidades recebendo o acompanhamento de especialistas da área. A primeira funcionária do posto foi Maria Cilene Paiva que iniciou seus trabalhos no dia da inauguração ocorrida em agosto de 1979.
No período da administração do prefeito Wildson Lobo Sanford houve a construção de um prédio ao lado do posto de saúde, onde se tinha a intenção de equipar para funcionamento de uma maternidade, mas na prática a idéia nunca se concretizou. No ano de 2006 esse prédio até então sem utilidade foi anexado ao posto de saúde que sofreu uma reforma geral. A nova inauguração se deu em maio de 2006 com o nome UNIDADE MISTA DE CAMILOS MARIA ELEOTERIO DE SOUSA

Posto de saúde de Camilos – 2006.


Em sua história Camilos atravessou epidemias como: sarampo, gripe, catapora, entre outras, algumas delas são combatidas até hoje com vacinas distribuídas gratuitamente à população. Em 1990 surgiram as agentes de saúde, as duas primeiras foram: Maria de Lourdes da Silva e Maria Barbalho Dias (Dona Cota). Elas passaram a visitar as famílias periodicamente para consolidar a prevenção de doenças e combater a mortalidade infantil.

CURIOSIDADE:
No mundo moderno a estética é uma das grandes preocupações do ser humano. A mídia tem sua parcela de contribuição quando fixa seus interesses na mente humana. Mas este ano ocorreu um fato inusitado: 5 (Cinco) modelos da Europa foram privadas de suas funções por estarem com baixo peso. Entidades internacionais tomaram essa decisão visando a saúde das modelos, alegou-se também que as modelos exercem uma certa influência à crianças e adolescentes que, vendo sua fama, tendem a almejar o mesmo tipo físico.
Alguns cientistas desenvolveram uma pesquisa com pessoas de peso (massa) diferentes e divulgaram uma escala numérica obtida através de cálculos do índice de massa usando uma fórmula simples encontrada por eles. Os estudos constataram que pessoas que ficavam dentro de um certo intervalo numérico eram mais saldáveis. Cada valor calculado foi denominado IMC (Índice de Massa Corporal).
É fácil descobrir o ICM de cada um, o teste pode ser feito em casa. Basta medir a altura em metros (m), o peso (massa) em quilogramas (kg) e fazer os cálculos. Veja a fórmula.

IMC = massa ÷ (altura)²

Este teste foi realizado por um grupo de alunos da Escola José Barbalho, como atividade, por ocasião da II Feira de Ciências da escola. Resolveu-se expor os resultados do teste do IMC usando uma amostra de 31 (trinta e uma) pessoas que estiveram na escola no dia 26 de outubro de 2006. Veja os resultados no quadro abaixo.
A média do IMC envolvendo as 31 (trinta e uma) pessoas pesquisadas foi 23,3 (vinte e três virgula três). Este valor enquadra-se no grau de risco saudável. É razoável supor que a maioria das pessoas da comunidade de Camilos não é obesa.
O IMC mínimo observado foi 16,6 (dezesseis vírgula seis).
O IMC máximo observado foi 30,8 (trinta vírgula oito).
Pode-se visualizar no quadro que, 2 (duas) pessoas encontram-se com baixo peso.

2.6 – Estradas e transportes

No subtítulo referente a trabalho, vimos que no início de nossa história os produtos camilenses eram transportados em animais, principalmente jumentos, que eram conduzidos por uma estrada estreita que passava pelos Sítios Forquilha e Boqueirão antes de chegar em Sobral. Existia uma outra vereda que passava por São Gonçalo e Palestina antes de chagar na rodovia Sobral/Meruoca. Com o início da construção da estrada Mantença/Camilos nos anos de 1959 a 1962, surgiu uma via de acesso melhor para a comunidade de Camilos, com isso aumentou os meios de transporte desta localidade.
O primeiro homem a possuir transporte motorizado em Camilos foi Dedé filho do comerciante Alegário, ele comprou seu jipe por volta do ano de 1969. Uns 10 (dez) anos depois José Rodrigues do Nascimento (Pimenta) comprou um caminhão e passou a transportar pessoas e outras cargas à cidade de Sobral. Depois foi à vez de seu irmão Osvaldo que trabalhou muitos anos com o mesmo tipo de transporte (durante muito tempo Osvaldo foi o único caminheiro a trabalhar na comunidade). No transporte de pessoas para Sobral os caminhões foram substituídos por carros menores, principalmente D20s.

O transporte dos estudantes de Camilos a Meruoca, que antigamente era feito em carros abertos inclusive por caminhões pau de arara, atualmente é feito em ônibus preservando, assim, a segurança dos passageiros.
Uma desvantagem para os transportes, sempre foi a estrada. Mais precisamente o trecho entre Camilos e a rodovia (CE440). Os primeiros motoristas tinham grande dificuldade com os atoleiros na época do inverno. A situação foi amenizada com o calçamento nas partes mais altas da estrada na primeira gestão do prefeito Francisco Sanford. A solução para o problema veio com o asfalto nos anos de 2004 e 2005. A obra ocorreu em cumprimento da proposta feita pelo prefeito João Coutinho em sua campanha política. A verba para realização do trabalho veio do Ministério das Cidades. A pavimentação asfáltica da rodovia Vicente Marques de Sousa foi inaugurada em primeiro de janeiro de 2006.
Atualmente as motocicletas representam o maior número de transporte motorizado de Camilos.



2.7 – Religiosidade

O catolicismo esteve presente em Camilos desde sua fundação e não poderia ser diferente, já que Camilos está situado em um país que foi educado conforme os moldes portugueses. Deste modo, estabeleceram aos brasileiros as doutrinas e a fé católica.
No dia 13 de setembro de 1936 foi lançada a pedra fundamental da igreja católica de Camilos, sob o comando do padre Antonio Regino Carneiro, que na ocasião era vigário de Meruoca.
Em 17 de janeiro de 1937 foi celebrada a primeira missa na capela pelo padre Antonio Regino. No mesmo dia foi benta imagem de São José (padroeiro da comunidade). Todas as famílias contribuíram de alguma forma para a construção da igreja. Na fundação da igreja destacaram-se alguns nomes como: José Carneiro que doou as terras e os profissionais Higino Alves, Francisco Filomeno e Cloves que trabalharam na construção.
Depois disso a comunidade cresceu em volta da capela. Há nela uma imagem de Nossa Senhora do Livramento, oferta de Antônio Rodrigues de Sousa. A licença para a benção foi concedida a 12 de maio de 1952. Os quadros da via-sacra foram bentos em junho de 1956 pelo padre José Furtado Cavalcanti. No decorrer do tempo a igreja católica sofreu algumas reformas. Só nas duas últimas houve mudanças como: implantação de piso de cerâmica; partes de duas paredes foram derrubadas aumentando o espaço interno e colocou-se forro de madeira.
Joaquim Ferreira da Ponte foi o primeiro presidente da Conferencia Vicentina que teve inicio em 18 de junho de 1937. Os encontros sempre ocorreram na capela.

No ano de 1974 foi celebrado o primeiro culto evangélico em Camilos, com o comando do pastor Luiz Ferreira Lima. No ano de 1992 foi fundada a Igreja Evangélica “Assembléia de Deus” sob a direção do pastor José Roberto. A família Porfírio foi uma das primeiras de Camilos a fazer parte deste grupo religioso que atualmente conta com cerca de 50 (cinqüenta) congregados na comunidade. O atual pastor é conhecido como Deusimar Junior.

2.7.1. O cemitério de Camilos

A benção do cemitério de Camilos se deu a 15 de dezembro de 1957. Na ocasião se pronunciaram os seguintes oradores: Luiz Gonzaga Barbalho, José Eustáquio dos Santos, Osvaldo Soares, Modesto Trajano e Pe. José Furtado Cavalcanti.
O primeiro sepultamento foi o de uma criança de cinco meses falecida no Sítio São Cipriano, em 21 de dezembro de 1957. Até 2002 (ano que foi registrado o último sepultamento nos livros de óbito do cemitério da capela de Camilos), foi sepultado no cemitério São José de Camilos 1143 pessoas de diversas localidades de nossa região. Após a última data citada, o cemitério passou aos cuidados da Prefeitura de Meruoca e os registros de óbito são encontrados apenas no cartório do município.



2.8 – Esporte

O futebol amador destaca-se na preferência esportiva da população camilense. Cedo formaram-se times nesta localidade, dois deles existem nos dias atuais.
No ano de 1964 foi fundado o Cruzeiro Futebol Clube por Antônio Souza Fernandes. Ele também foi o fundador do campo de futebol que existe atualmente, fato ocorrido em 1967. Antes desta data, os jogos eram realizados em um campo menor que localizava-se na propriedade de Vicente Marques. Apesar de ter atravessado alguns momentos difíceis nesses mais de 40 (quarenta) anos o Cruzeiro nunca desfez-se, suas vitórias o coroaram em 2005 com o título da Segunda divisão do campeonato meruoquense.
Em 14 de abril de 2002 foi fundado o Camilos Esporte Clube, popularmente conhecido como Jerimum, este apelido foi posto pelos adversários quando souberam que as cores do vestuário dos jogadores seriam verde e amarelo, foi aí que disseram que o time iria parecer com um jerimum. Os fundadores do Jerimum são: Francisco Paiva Filho (Chiquinho), José Ademar Marques e Luiz Carlos de Lima. A comunidade apoiou e ajudou esse feito. Este time foi vice-campeão do campeonato meruoquense de 2004, campeão da primeira divisão meruoquense em 2005 e voltou a ser vice-campeão em 2006.
Durante alguns anos crianças e jovens desenvolveram suas habilidades no futebol de salão na quadra do clube construído por Wellington Gomes. Em 2002 o clube foi vendido para a prefeitura de Meruoca. Sem nenhuma reforma, a construção foi se deteriorando como o passar do tempo. Alguns vândalos também contribuíram para este fim. No início de 2006, grande parte dos muros, já estavam destruídos. A instalação elétrica era improvisada (gato) saindo do colégio próximo. Parte dos fios estavam desencapados sobre uma parte do muro que restava de pé, isso ocasionou um acidente mortal que abalou a comunidade. O fato ocorreu em 18 de abril de 2006. O garoto de 16 anos José Ednardo do Nascimento jogava no local quando foi atrás da bola chutada para fora. Pegou em um fio desencapado e morreu eletrocutado. Os primeiros socorros aplicados por Marcilo Magalhães não surtiram efeito.



2.9 – Meios de comunicação

Apesar da modernidade dos meios de comunicação a carta ainda é utilizada em Camilos. Usada com grande freqüência no passado, quando os pais de família deixavam a agricultura e viajavam em busca de melhores condições de vida na “cidade grande”, muitas delas da região sudeste do país. Quando isso começou a ocorrer ainda não existia telefone nesta localidade.
A Teleceará de Camilos (pequena sala com telefone) começou a funcionar a 11 de setembro de 1988. Uma das primeiras funcionárias foi Maria do Socorro Souza, o funcionamento se dava das sete horas da manhã até as dez da noite e era mantido com verbas da prefeitura de Meruoca. A Teleceará foi desativada no ano de 1998. Com a chegada do DDD em Meruoca o atendimento telefônico era feito por meio de um orelhão inicialmente ligado na torre da Teleceará. Nos primeiros anos desta década a linha telefônica foi instalada nas ruas da comunidade e foram colocados 7 (sete) orelhões, número aproximado ao de telefones residenciais. Atualmente o telefone mais utilizado em Camilos é o celular, cuja quantidade ultrapassa 200 (duzentos) aparelhos.
Um dos meios de comunicação antigo da comunidade é o rádio usado ainda hoje em grande escala para acompanhar os programas que trazem notícias da região norte do Ceará. A maioria das rádios ouvidas são de Sobral. Durante muitos anos este aparelho animou as festas da comunidade, na época conhecidas por “tertúlia”.
Nos anos oitenta a televisão surgiu em Camilos instalada em praça pública. No ano de 1994 a população teve acesso a duas emissoras. O sinal chegava nas televisões existentes na comunidade por meio de uma antena parabólica pública instalada num ponto territorial elevado do povoado. No ano citado também havia uma antena parabólica na casa do vereador Zé Mago. Hoje é rara a família que não tem o seu televisor.
Algumas pessoas da comunidade também informam-se por meio de jornais, revistas, etc.


2.10 – Endereço postal

No final dos anos oitenta as casas de Camilos foram numeradas e as ruas denominadas através de placas, resultado da luta de Francisco Rodrigues Carvalho (Chico Serra Grande). Um de seus objetivos era facilitar o endereçamento postal, para que assim as cartas podessem chegar corretamente ao destinatário. Na época ele era representante dos trabalhadores rurais da comunidade. Para conseguir este feito Chico Serra Grande teve que enfrentar alguns desafios. Ele fez algumas viagens à Fortaleza e às vezes, enfrentava chuva chegando em casa de madrugada.
Os nomes de ruas, travessas e praças foram postos em homenagem a alguns cidadãos ilustres para a comunidade. Como pode ser visto a seguir.

• Rua Antonio Rodrigues de Sousa
• Rua Ercílio Thomaz
• Rua Padre Antonio Regino
• Rua Joaquim Ferreira
• Rua Joaquim Vital
• Rua José Barbalho do Nascimento
• Rua João Batista de Araújo
• Rua Manoel Vital de Sousa
• Travessa Higino Alves
• Travessa Antonio Vital
• Travessa Luiz Barbalho
• Praça Vicente Marques de Sousa
• Praça Cândido Paiva Dias

2.11 - Cultura

As principais tradições culturais da comunidade são: - carnaval mela-mela (as pessoas pulam e dançam ao som de ritmos como forró, samba, axé, funk etc., jogando pó ou massa de trigo e maizena uns nos outros); - encenação de rua (em função da paixão de Cristo na Semana Santa); - manifestação do dia de reis (pessoas da comunidade andam de casa em casa no início da madrugada cantando uma música que expressa seu pedido de esmolas em nome dos reis magros); - reisados (que eram praticados com mais freqüência antigamente); - festa junina (jovens da comunidade apresentam-se com passos ensaiados após divertirem-se com a dramatização do casamento matuto).
O trabalho artesanal com maior adesão na comunidade é o artesanato de palha, principalmente “camisas de garrafas”, atividade ainda desvalorizada (as chapeleiras trabalham muito e ganham pouco). Também existem artesãos que trabalham com tricô e crochê: usados como adornos domésticos, vestuários, etc.

 Artesanato realizado em Camilos.

Os habitantes vestem-se de acordo com as variações do clima, as vestimentas podem ser: calça comprida, bermuda, camisa, casaco, etc.
As comidas típicas da comunidade são: baião de dois, cuscuz, tapioca, canjica, mugunzá, etc.
Camilos tem alguns artistas natos. Destaco aqui dois deles.

  A Sr.ª Raimunda Úrsula Barbalho Fernandes escreve poesias e músicas, muitas delas para homenagear pessoas ilustres, ou em razão de datas comemorativas, ela já escreveu em homenagem aos alemães na ocasião da instalação da rede de água em Camilos (esta poesia encontra-se no Anexo 2) e constantemente leva suas composições aos eventos locais.

 Benedito Fernandes Neto faz desenhos em paredes, letreiros, quadros, etc. Atua como cartunista (lançou uma revista em quadrinhos denominada FAUZI no ano de 2004, com o apoio cultural da Faculdade de Ibiapaba -FACIB e da Prefeitura Municipal de Meruoca); ilustrou dois livros da EMBRAPA – Sobral. Neto ocupa parte de suas horas de lazer desenhando. Ele já criou alguns personagens e mantém vivo o sonho de um dia se tornar um grande artista. Benedito Neto tem a ousada pretensão de montar sua própria empresa produtora.

É de conhecimento de muitos, duas lendas na comunidade de Camilos. Uma delas diz respeito a um homem conhecido como Chicute que um dia resolveu entrar na furna da paca. Caminhou por alguns instantes e encontrou uma cidade encantada que tinha porcos além de outros animais e objetos, todos de ouro. O local era protegido por uma serpente que atacava quem penetrava. Com medo da serpente Chicute, saiu pouco tempo depois e jamais se atreveu a voltar. Conta-se ainda uma outra história sobre um homem que caçava no local e foi devorado pela serpente, ficando apenas sua espingarda do lado de fora da furna.

A outra lenda é referente a uma galinha com pintos de ouro que a partir das seis horas da tarde aparecia próximo a vereda que liga Camilos ao Sítio São José, junto a uma mangueira que ainda existe atualmente. Diz a lenda que quem conseguir pegar um dos pintos enriquece. Os que diziam ter visto a galinha com seus filhotes afirmavam que eles por serem encantados desapareciam nas ribanceiras quando alguém tentava pegá-los.



2.12 – Rede de água e esgoto

Dou início a este item destacando o ano de 1958, quando a comunidade de Camilos viveu um dos piores momentos de sua história. Ano de seca que deixou a população flagelada. Muitos ficavam noites inteiras acordados à beira das cacimbas a espera de um pouco de água. Em anos de chuva favorável as cacimbas e cacimbões enchiam, o dificultoso era carregar a água em baldes e em outros recipientes até a casa. Quem optava pela cacimba das Guaribas tinha que caminhar em média 10 (dez) minutos com o balde na cabeça. Muitos preferiam transportar sua água em recipientes denominados “caneco” que eram carregados em jumentos. Só na década de noventa essa situação foi modificada.

Em um programa de rádio José Rodrigues do Nascimento (Pimenta), ouviu a notícia que o governador Ciro Gomes estava beneficiando cidades principalmente da região Norte do Estado do Ceará com a perfuração de poços profundos. Interessado e preocupado com a situação, na qual se encontrava a comunidade, Pimenta foi atrás de maiores informações sobre o assunto e descobriu que era necessário formar em Camilos uma Associação Comunitária. O projeto de água demorou por volta de 3 (três) anos para ser implantado, e isso foi feito com a colaboração da firma alemã CAGECE. A rede de água de Camilos foi inaugurada em 3 de agosto de 1993. Hoje todas as famílias recebem água nas torneiras de sua casa.
Pouco tempo depois foi feita a rede de esgoto. Foram construídos banheiros em todas as casas da localidade. Esses banheiros foram ligados na rede que faz todo o escoamento sanitário, conduzindo os resíduos a uma barragem.

Barragem para escoamento sanitário.

As famílias que moram mais distante das ruas receberam banheiros com fossa seca, esses banheiros não são ligados à rede, As fezes são armazenadas no próprio banheiro e retiradas no tempo apropriado. O sistema de esgoto ficou pronto no ano de 1994.


2.12.1. A associação Comunitária

A Associação Comunitária São José de Camilos foi fundada em 28 de abriu de 1993, dia em que ocorreu uma assembléia geral presidida por Maria de Jesus Fernandes. O evento foi realizado no centro Educacional José Barbalho, em Camilos. Na ocasião foi decidido que a escolha da diretoria da Associação deveria ocorrer com voto secreto, tendo sido formada chapa única com a seguinte composição: Presidente – José de Sales Araújo. Secretário – José Rodrigues do Nascimento. Tesoureiro – José Severino Alves. Conselho Fiscal – Manuel Julião, José Adalto Souza e Rosilda Vital de Souza. A eleição ocorreu no dia primeiro de maio de 1993. No dia 10 de maio do mesmo ano houve a posse da primeira diretoria.
Os presidentes da Associação serão apresentados a seguir:

1º presidente (1993/1995) – José de Sales Araújo.
2º Presidente (1995/1996) – Antonio Fernandes Sobrinho (Antonio Manduca).
3º Presidente (1996/1997) – João Batista Fernandes.
4º Presidente (1997/1999) – Joaquim Vital Neto (Joci).
5º Presidente (1999/2003) – Antonio Vital de Paiva (Arinaldo).
6º Presidente (2004/2006) – Marcilo Magalhães do Nascimento.

No dia 26 de março de 2006 foi eleita e empossada a atual diretoria da associação, para um mandato de 2 (dois) anos. Ficando assim constituída: Presidente – Marcilo Magalhães do Nascimento, Vice Presidente – Benedito Fernandes Neto. Primeiro Secretário – Manoel Dias Barbalho, Segundo Secretário – Sâmia Mara Silva. Primeiro Tesoureiro – Jane Marques Pernambuco, Segundo Tesoureiro – Zaqueu Cavalcante Souza.

A associação de Camilos teve seu nome publicado no diário oficial em 17 de janeiro de 1993. Que com fins de homologação proferiu o presente texto.

EXTRATO DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA SÃO JOSÉ DE CAMILOS, DISTRITO DE MERUOCA, CEARÁ, Entidade sem fins lucrativos, duração indeterminada, com sede e foro em Camilos no município de Meruoca – Ceará. Tendo por objetivo promover a melhoria da qualidade de vida das famílias da comunidade através de realizações de interesses sociais, culturais, desportivos e assistenciais, bem como, operar e administrar os sistemas simplificados de água e esgoto condominiais implantados na localidade pela CAGECE, podendo para isso firmar convênio com órgãos ou instituições públicas ou particulares. Será administrada por uma diretoria, um conselho fiscal e a comissão da água, cujo mandato inicial será de 1 (um) ano, podendo ser reeleita, sem remuneração a qualquer título, cabendo ao presidente a representação em juízo e fora dele em suas relações com terceiros. A assembléia geral é o órgão supremo da associação, cabendo a mesma, dentre outros assuntos, resolver através de convocação para esses fins o seguinte: reformar o presente estatuto; decidir sobre os casos omissos; determinar a extinção da associação. Em caso de extinção, o patrimônio será doado a uma entidade assistencial devidamente registrada no CNSS/Brasília. Este estatuto entrará em vigor a partir de sua publicação no D. O. do Estado. José de Sales Araújo – Presidente.

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CAPÍTULO 3 – POLÍTICA

Em 2005 Meruoca completou 120 anos de emancipação política. O grande interessado na elevação do povoado de Meruoca a Vila foi o Pe. Diogo, tendo sido deputado provincial no período de 1884 a 1885. Ocupou a Vice Presidência da Assembléia, ocasião em que apresentou o projeto para criação do município de Meruoca, que logo após a aprovação foi confirmado pela Lei 2090 de 13 de novembro de 1885, assinada pelo desembargador Miguel Calmon du Pin Almeida, documento em que elevava a categoria de Vila o povoado de Meruoca. No entanto a Vila de Meruoca somente foi instalada a 24 de janeiro de 1887. O primeiro Prefeito intendente foi Vicente Xavier Macambira (Prof. Macambira), cujo mandato iria até 1890.
Através da Lei N.º 1153, de 22 de novembro de 1951, assinada pelo Governador Cearense Raul Barbosa, o município de Meruoca foi novamente restaurado; conseguindo finalmente autonomia política administrativa. A eleição realizou-se a 15 de novembro de 1954, saindo vitoriosa a chapa do PTB, sendo eleito Gregório da Cunha Freire, prefeito de Meruoca. Ele assumiu o poder no dia 25 de março de 1955.



3.1 – Os prefeitos do município de Meruoca

1º Prefeito (1955/1958) – Gregório da Cunha Freire. Filho de Geronimo da Cunha Dourado e Hermelina Freire. Ele nasceu em Ubajara, a 12 de fevereiro de 1895. Por ser o primeiro prefeito, uma de suas obrigações foi implantar a estrutura administrativa do município. Destacou-se também por ter lutado para que Alcântaras, que até então era distrito de Meruoca tivesse sua emancipação política, fato que ocorreu em 7 de dezembro de 1957.

2º Prefeito (1959/1962) – José Eustáquio dos Santos. Filho de Joaquim Pereira dos Santos e Maria José Davi dos Santos. Nasceu em Meruoca no Sítio Coité, em 1917. Dentre suas realizações políticas destacam-se: Construção de calçamento em alguns trechos da rodovia Sobral/Meruoca; instalação da rede elétrica de alta-tensão entre Sobral e Meruoca; deu início a construção da estrada para Santo Antonio dos Camilos, obra feita sob orientação de seu irmão Raimundo Davi dos Santos (Doca Santo) que era vereador na época.

3º Prefeito (1963/1964) – Tobias de Sousa do Amaral. Filho de José de Sousa do Amaral e Maria Firmina do Amaral. Nascido em Meruoca no Sítio Viração, no dia 10 de setembro de 1913. Como principais feitos de sua gestão, tem-se: instalação da rede elétrica da cidade de Meruoca; no período o qual ele governou foram criados quarto distritos no município, entre eles o distrito de Camilos no ano de 1964. A câmara municipal decretou a perda de mandato do prefeito Tobias em 31 de outubro de 1965, tendo o vice assumido a 9 de outubro do mesmo ano.

4º e 9º Prefeito (1965/66 e 1983/88) – Carlos Marques dos Santos (Carrim). Filho de Caetano Marques dos Santos e Rita Idelzuite Ponte Santos. Nasceu em Sobral a 19 de maio de 1932. Carlos Marques ficou mais de 7 (sete) anos a frente do poder executivo municipal, exercendo dois mandatos, o primeiro quando substituiu o prefeito Tobias de Sousa de 1965 a 1966 e o segundo quando elegeu-se para governar no período de 1983 a 1988. Em suas administrações tem feitos como: construção de unidades escolares em vários povoados do município; construção de praças em Santo Antonio dos Fernandes, Palestina, Camilos, Barra, São João das almas e a praça Caetano Marques em Meruoca; pavimentação com pedra tosca em vários trechos de ruas e de estradas; construção do Centro Administrativo de Camilos. Houve também a oficialização das ruas de Camilos e da Palestina.

5º Prefeito (1967/1970) – José Davi do Nascimento. Filho de Manoel Davi do Nascimento e Rosa Maria de Jesus. Nasceu no Sítio Coité – Meruoca, a 24 de janeiro de 1924. Suas realizações de maior destaque são nas áreas de educação, infra-estrutura e saúde. Entre elas está a aquisição da reforma de uma casa para instalação de um hospital/maternidade em Meruoca, a construção do Grupo Escolar de Camilos e a pavimentação das principais ruas de Camilos.

6º Prefeito (1971/1973) – José Maria Roberto. Filho de José Roberto Fonteles e Itelvina Áurea Roberto Fonteles. Nasceu no Sítio Barra – Meruoca. Na sua gestão o pagamento dos funcionários era realizado sem atraso. Dava-se manutenção sistemática a construção das estradas municipais; construiu-se grupos escolares em algumas comunidades do município.

7º Prefeito (1973/1977) – Francisco Mendes de Mesquita conhecido como Chico Emiliano (1915 – 1994). Filho de Manoel Emiliano e Marcionília Rodrigues Emiliano. Ele nasceu em Boqueirão – Massapê. Entre suas realizações estão: a construção do prédio da delegacia de polícia de Meruoca e a construção do Grupo Escolar de São João das Almas. Francisco Mendes foi afastado do cargo através da Lei Estadual Nº 11839 / 1983, sendo nomeado como interventor o Tenente Coronel Francisco Erivaldo Cruz.

8º Prefeito (1977/1983) – José Mendes de Araújo. Filho de Raimundo Rodrigues Araújo e Isabel Mendes de Araújo. Natural de Jordão – Sobral, nascido a 29 de agosto de 1930. José Mendes fez grandes realizações como, por exemplo, a construção do mercado público e do hospital Chagas Barreto, ambos em Meruoca. Só em Camilos tem-se: a ampliação da unidade escolar; construção de uma praça; construção de ponte; instalação de chafariz e da rede elétrica.

10º e 12º Prefeito (1989/1992 e 1997/2000) – Francisco Sanford Frota. Filho de Giuseppe Genuense Frota e Maria Beatriz Sanford Frota. Nasceu em Sobral, a 23 de novembro de 1937. Foi prefeito por duas gestões que duraram oito anos. Tem feitos políticos como: construção de estradas em vários sítios e distritos do município; rebaixamento na estrada de Camilos onde também foi feito pavimentação com pedra tosca nos trechos mais altos; iniciou a urbanização do distrito de Anil; solicitou ao governo Ciro Gomes o asfaltamento da rodovia Sobral/Meruoca e criou a banda de música municipal. Em sua Segunda gestão Francisco Sanford construiu uma barragem para o abastecimento da cidade de Meruoca; reformou o hospital Chagas Barreto e construiu 144 (cento e quarenta e quatro) casas populares na sede e nos distritos, sendo 17 (dezessete) delas em Camilos.

11º Prefeito (1993/1996) – Wildson Lobo Sanford Frota. Filho de Miguel Sanford Frota e Wilna Lobo Frota. Nasceu na barra do Cordo Maranhão. Tem realizações como: trecho de calçamento na Mantença, São Miguel e Camilos; arborização da cidade de Meruoca; construção do estádio de futebol de Meruoca e implantação da comarca de Meruoca. Também tem atuação na educação, área em que ganhou em 1996 o prêmio de 1º lugar na educação do Estado do Ceará.

13º e 14º Prefeito (2001/04 e 2005/08) – João Coutinho Aguiar Neto. Filho de Irineu Coutinho Aguiar e Inês Félix Aguiar. Nasceu no Sítio São Rafael – Meruoca, a primeiro de junho de 1968. Em sua primeira gestão tem realizações como: aumento salarial para o funcionalismo público; implantação de curso de informática; construção de uma Escola Modelo na sede; criação do projeto jovem em ação; asfaltamento do acesso ao distrito de Camilos; construção de 141 (cento e quarenta e uma) casas populares; distribuição de mais de 50 (cinqüenta) mil mudas de mais de 30 (trinta) variedades de plantas, e a criação da feira da agricultura familiar. A partir de primeiro de janeiro de 2005, João Coutinho deu início a seu segundo mandato dando continuidade às obras iniciadas no primeiro e iniciando novas realizações, entre as quais destacou-se o complexo Ambulatório e Hospitalar Irineu Coutinho Aguiar, inaugurado em 7 de setembro de 2006.


3.2 – Os vereadores de Camilos

1º Vereador: no período de 1959 a 1963 houve a legislatura do vereador João Gabriel Batista. Natural de Camilos foi eleito e mudou-se posteriormente para Meruoca, prometendo representar a comunidade de origem. Seu nome também consta no quadro de vereadores do Município entre os anos de 1963 a 1967, quando cumpriu seu segundo mandato. João Gabriel foi presidente da Câmara de 1961 a 1963.

2º Vereador: o vereador José Vital Fernandes (Zé Mago), assumiu o cargo no período de 1989 a 1992. Candidatou-se novamente e foi reeleito assumindo o posto por mais quatro anos. Seu segundo mandato ocorreu de 1993 a 1996. Um de seus projetos aprovados na Câmara foi a aquisição de calçamento para a estrada e ruas de Camilos. Zé Mago foi presidente da Câmara de 1995 a 1996.

3º Vereador: José Ademar Marques é o vereador de Camilos com o maior número de vitórias no pleito municipal, sua primeira atuação no cargo foi no período de 1997 a 2000. Seu segundo mandato ocorreu de 2001 a 2004. Em 2005 Ademar voltou à câmara pela terceira vez. Sua última vitória nas urnas lhe deu poder até o ano 2008. Ele tem projetos na câmara dos vereadores como: o projeto de isenção da iluminação pública e o projeto dos mototaxistas. Ademar diz que atualmente em Meruoca existe uma política transparente. Ele foi presidente da câmara no período de 1997 a 1998.

4º Vereador: José Rodrigues do Nascimento (Pimenta) já tinha concorrido a uma vaga como vereador em 1972, na ocasião lhe faltaram apenas 6 (seis) votos para consolidar a vitória. Este objetivo foi alcançado na última eleição municipal válida para o período de 2005 a 2008. Pimenta apresentou na câmara alguns projetos como vereador. São eles: projeto da maternidade de seis meses; projeto da sinalização de Camilos; projeto em homenagem ao nome da estrada (Vicente Marques); projeto de homenagem habitacional a Manoel Fernandes do Nascimento; projeto de 30000 (trinta mil) metros de calçamento nas localidades de Camilos e São João das Almas; etc. Pimenta afirma que a política meruoquense é conservadora e partidarista.


3.3 – As eleições em Camilos

Como foi visto anteriormente, pessoas da comunidade acompanham de perto a vida política municipal a mais de 40 (quarenta) anos. A população camilense teve papel preponderante na vitória eleitoral dos quatro vereadores citados. O voto é mais do que uma ação de cidadania, pois a escolha de um candidato implica no progresso daqueles aos quais ele representa, através de suas idéias e compromisso com o trabalho. Mas também poderá implicar no atraso dos mesmos, caso os políticos não tenham disponibilidade para pôr em prática suas propostas.
Durante muitos anos se praticou em Camilos políticas assistencialistas e eleitoreiras. A intenção dos políticos era criar um elo com seu eleitorado. O eleitor votava para pagar algum tipo de favor ao candidato e não por achar melhor seus projetos de ação. Essa prática ainda é comum nos dias atuais.
No decorrer dos anos o número de eleitores de Camilos foi aumentando. No ano de 2006, 724 (setecentos e vinte e quatro) eleitores estavam aptos a votar, sendo 363 (trezentos e sessenta e três) eleitores na sessão 27 (vinte e sete) e 361 (trezentos e sessenta e um) eleitores na sessão 28 (vinte e oito). O número de eleitores que vota em Camilos é quase 79% da população residente.

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CAPÍTULO 4 – O DISTRITO DE CAMILOS


No ano de 1964 o mapa de Meruoca sofreu algumas alterações, pois nesse ano, quatro sítios ganharam a condição de distrito. São eles: São Francisco, Palestina, Santo Antonio dos Fernandes e Santo Antonio dos Camilos. Camilos tornou-se distrito através da Lei N.º 7159, de 14 de janeiro. Mas o distrito não resume-se apenas ao povoado de Camilos, em nosso território há a permanência de nove Sítios que terão seus nomes expostos a seguir.

- São Miguel.
- Amparo.
- Saco do Armador.
- Mantença.
- Forquilha.
- São José dos Pedro.
- São João das Almas.
- Estivas.
- São Cipriano.


4.1 – Localização

Camilos situa-se a sudeste do município de Meruoca, que está localizado fisiograficamente no Sertão Centro Norte do Estado do Ceará. Com Latitude (S) 3º21’30’’; Longitude (w) 40º27’18’’; a área do município é de 155,4 (cento e cinqüenta e cinco virgula quatro) km². Estando 850m acima do nível do mar tendo como ponto culminante o Morro do Chapéu, que está situado no Sítio São João das Almas.


4.2 – Clima, vegetação e relevo

O clima predominante é o semi-árido, salobre e fresco. Apresenta-se como oásis em meio à caatinga sertaneja com resquícios da Mata Atlântica, seu relevo apresenta acidentes geográficos como: montanhas, encostas, contrafortes da Serra, morros, planícies e depressões rochosas. Apresenta temperatura média máxima de 24º C e mínima de 18º C. É visível a existência de plantas frutíferas como cajueiro, mangueira, goiabeira, coqueiro, etc., também eucaliptos, cuja folha é usada como ingrediente para remédio caseiro.


4.3 – População

Vejamos agora os dados populacionais referentes ao distrito de Camilos, onde é mostrado do número de habitantes e a discriminação por sexo. Com base nos estudos divulgados há alguns anos, quando se pretendia mostrar o perfil básico do município de Meruoca.

População residente no distrito de Camilos – 1996

Como podemos perceber o total de pessoas na área urbana era de 655, que representa o povoado de Camilos. Já a área rural cujo número de habitantes foi 482, é concernente aos 9 (nove) Sítios do distrito.


4.4 - Turismo

Grande parte da população desconhece o significada do termo “turismo”. Muitos também não sabem o quanto o turismo pode desenvolver uma comunidade. Apesar de Camilos ter uma beleza natural invejável a exploração turística é pequena. Destaca-se em maior escala o turismo religioso.
Tem-se como pontos turísticos: a paca, a pedra do escoteiro (pedrona), o pinga, a veia, a mangaba, etc.. Todos em Sítios que circundam a área urbana. O ponto Turístico mais conhecido de nosso distrito é a Cruz da Romana, situado no Sítio São João das Almas, que atrai turistas de todas as partes do Brasil e também da Europa.

Pedra dos Escoteiros (pedrona).

Romana viveu num tempo de escravidão e é tida como milagreira. Muitos a chamam de santa Romana por ter perdoado seu carrasco no momento de sua morte


4.5 – O Sítio São João das Almas

Pode-se destacar algumas informações sobre este que é o maior Sítio do distrito de Camilos. Dentre outros fatos, sabe-se sobre São João das Almas que:

• No ano de 1986 encontravam-se as margens do Riacho São João 8 (oito) sítios (propriedades rurais) com 66 (sessenta e seis) posseiros.
• A unidade escolar foi construída pelo prefeito Carlos Marques dos Santos nos anos de 1965 a 1966 e passou a se chamar Grupo Escolar de São João das Almas, após os trabalhos realizados pelo prefeito Francisco Mendes no período de 1973 a 1976.
• No dia 10 de novembro de 1979 houve a benção da capela pelo padre José Furtado Cavalcanti.
• O posto de saúde foi construído entre os anos de 2001 e 2003 na primeira gestão do prefeito João Coutinho.


Alguns habitantes de São João também tiveram marcante atuação política. A seguir serão apresentados os vereadores residentes neste Sítio quando ocupavam o cargo.

1963/1966 – Bernabé Lopes de Vasconcelos. (Bete Massal)
1971/73 e 1973/77 – José Targino Portela. (Zé Luca)
1989/92 e 1993/96 – Antônio Adalto de Mesquita. (Antônio Pedro)
1997/2000 – José Mendes Sousa (Zé Gloria)
2001/2004 – João Mendes de Souza (João Gloria).

Veja agora o depoimento de um filho da terra;

“O trabalho típico da comunidade é a horticultura. Também temos outras fontes de renda como: castanha de caju, banana, manga, siriguela, e batata doce. As famílias vivem de uma renda média de aproximadamente dois salários mínimos. Há uma diferença muito grande entre essa geração e a dos antepassados, pois os nossos pais viviam da agricultura precária, não tinha comercialização da castanha de caju nem dos demais produtos”.
Francisco Daniel Magalhães
Como pode-se perceber os habitantes do Sítio São João levam uma vida pacata, bastante parecida com a dos moradores do restante do distrito. São João também é reduto de vários proprietários de sítios que nos finais de semana deixam os municípios em que habitam e vêm desfrutar da tranqüilidade do interior e do clima ameno da Serra.

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ANEXO 1 – HINO DE MERUOCA

Autor: Francisco Marques dos Santos
I
Meruoca cidade serrana
Nossa terra garbosa e gentil
Tua brisa envolvente que emana
Dos teus ares nos vem tão sutil
Flora fauna que tens nos ufana
Porque és um jardim do Brasil.

Refrão
Trabalhar é vencer,
Nós sabemos é fundamental
Instrução e lazer
Promoção e extensão social
O direito e o dever
Segurança e conduta moral
Liberdade e viver
Plena paz e progresso geral.


II
Tuas águas perenes correntes
Robustecem teus canaviais
Brancas nuvens no cimo pendentes
Trocam beijos com teus palmeirais
És do estado fiquemos cientes
A primeira a medrar cafezais.

III
Reriús fortes taba nativa
Aguerrida disposta a lutar
E valente nação sempre altiva
Que jamais se deixou dominar
Jesuítas de forma afetiva
Conseguiram te catequizar.


IV
Eras glebas doadas a sesmeiros
Imigrantes buscando o porvir
Que com outros heróis pioneiros
Te fizeram assim progredir
Ó querida comuna de ordeiros
Teus anais não nos deixa mentir.


V
Ao contarmos teu hino emitimos
Uma prece e bendita oração
A rainha que nós possuímos
Padroeira do nosso rincão
Muito amor e mais fé te pedimos
Mãe de Deus virgem da Conceição.

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ANEXO 2 – POESIA EM HOMENAGEM AOS DOUTORES ALEMÃES


Camilos está de parabéns, para nós foi uma satisfação.
Ter o SISAR fornecendo água pelos doutores alemães.
Os homens vieram de longe trabalhando com experiência.
Para trazer água que seja suficiente.
Deus deu poder ao homem com toda perfeição.
Para saber onde tem água escondida embaixo do chão.

Também não vamos esquecer de um amigo que representa.
Quem pediu água para Camilos, foi o amigo Pimenta.
Nós agradecemos a este povo de coração.
Por colocar água favorável em Camilos, para toda população.
Como a gente agradece! Este povo de vontade.
Que fez poço profundo em nossa comunidade.

Agora agradecemos com toda dedicação.
Saldamos com uma salva de palmas, os doutores alemães.


Raimunda Barbalho

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ANEXO 3 – RASCUNHO DO MAPA DO DISTRITO DE CAMILOS

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ANEXO 4 – RASCUNHO DO MAPA DA VILA DE CAMILOS




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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Meruoca, 300 anos de História / Mário Henriques Aragão. IOM, 1999.

Ceará: história e geografia para a construção da cidadania / Marlene Corrêa. – São Paulo: FTD, 1998.

Gramática / Carlos E. Franco e Francisco M. Moura – São Paulo: Ática, 1987.

Dicionário da Língua portuguesa – São Paulo: Nova Cultura, 1993.